domingo, 25 de novembro de 2007

Outras dependências

Na literatura médica, não há menções a outro tipo de dependência: somente a drogas. No entanto, os mesmos mecanismo cerebrais que as drogas alteram também podem ser alterados por comportamentos ou outros estímulos ambientais (pessoas, situações e objetos).
· O jogo é a dependência que mais se assemelha à de drogas. A necessidade de apostar é tão intensa quanto a de drogas. A tolerância ocorre na forma da ocorrência do aumento das apostas. Na ausência da situação de jogo, metade dos apostadores compulsivos exibe sinais de abstinência semelhantes aos de uma droga leve: estômago enjoado, transtorno do sono, sudorese, irritabilidade e necessidade de jogar. Jogadores patológicos que assistem a vídeos de pessoas a jogar ou a falar sobre jogos exibem alterações na actividade das mesmas regiões cerebrais que viciados em cocaína que assistem a vídeos que aumentam a sua necessidade de droga. (Estudos com ressonância magnética funcional)
· Comprar (em geral, mulheres): crises de compras (grandes dívidas e casa entulhada) são frequentemente precipitadas por sentimentos de depressão e ansiedade. A cleptomania pode ser uma forma de dependência em relação às compras: a naltrexona melhora sintomas de 9 entre 10 pacientes, após 11 semanas de tratamento.
· Internet: Pode ser uma nova adicção mas ainda não está claro se não é uma forma mais antiga de adicção (comprar, jogar, sexo – pornografia etc). Há pessoas que negligenciam o resto das suas vidas à frente de um monitor.
· Exercício físico (adicção positiva?): correr aumenta os níveis de endorfina (que por sua vez favorecem sinapses dopaminérgicas). Ratos seleccionados para serem sujeitos à adicção gastam mais tempo a correr em rodas de actividade. Testes bioquímicos indicam que tanto o impulso para correr como para consumir cocaína são governados por adaptações bioquímicas similares. Em ratos sujeitos à adicção, correr aumenta a preferência por álcool. É provável que a prática compulsiva de outros desportos também se incluam nesta categoria.
· Comer: consumidores compulsivos apresentam menor disponibilidade de receptores dopaminérgicos, anomalia presente nos toxicodependentes. A deficiência de dopamina em indivíduos obesos pode perpetuar o comer patológico como meio de compensar a activação diminuída desses circuitos.
· Fazer sexo: há poucos estudos sobre sexo como adicção. Alguns adictos a sexo exibem comportamentos característicos da adicção: são obsessivos sobre sexo, nunca estão satisfeitos, sentem perda do controlo e as suas vidas são muito prejudicadas por isso. Estudos com imagens mostram que os adictos a sexo se assemelham aos adictos a cocaína e talvez compartilhem com eles um defeito no ”circuito das inibições”.
· Educação: quando um estudante estuda matérias a mais do que aquilo que é estipulado pelo programa escolar, pelo facto de ter sido reprovado nessa disciplina, ou porque o aluno sofreu uma transferência e a instituição antiga não deu aulas sobre essas matérias.
Em geral, o estudante acaba por ter de ficar na escola com outra turma além daquela em que está matriculado, para completar a carga horária exigida.
Normalmente, dependências não são aceites durante o ensino obrigatório.Farmacodependência: Estado psíquico e às vezes físico causado pela acção recíproca entre um organismo vivo e um fármaco, que se caracteriza por modificações do comportamento e por outras reacções que compreendem sempre um impulso irreprimível de consumir o fármaco de forma contínua ou periódica, a fim de experimentar os seus efeitos psíquicos e, às vezes, evitar o mal-estar produzido pela privação.

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